domingo, 23 de outubro de 2016

Dos amores que se foram IV

A minha doçura é razoável
transita pela sua frieza e congela
a minha inrestavel glicemia
a nossa dopamina é
só um vestígio doce do nome dela
ou da sua carência incrédula
que eu me apoio
para me encontrar
porque me perdi
em cada ponto de todos os poros
que se abrem para conceber cada linha da sua face
e agora estou solidificada na densidade do seu corpo
e na represa do seu beijo molhado
na textura da grama macia do seu cabelo
no arrepio veemente do seu toque
na profundidade obscura do seu olhar
na rigidez da sua resposta
no calculo racional do seu relógio
no calculo irracional do seu tempo
nas profundezas das suas tristezas
na ambivalência da sua teimosia
na ambiguidade da sua insegurança
na motivação do seu postiço niilismo
e na sua frieza em demonstrar
que o que eu sinto por você
não vai se assemelhar
nem em gramas
na falta que finges q ela não faz...

sábado, 23 de julho de 2016

Com o tempo

que não faça sentido para nós
para nenhum daqueles que rasgam seus prosópis punhos com pedras
pois cansaram de joga-las na cruz
atire-lá contra suas próprias
incertezas
revoltados com seus próprios defeitos
espelhados como meros humanos
animais
desejamos não estará aqui
atiramos
simbolicamente
demonstrando por onde
gostaríamos de percorrer
a infeliz estrada do estado
de estar em movimento
com o tempo
sobre o tempo
em ligeiro espaço
sem controle

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Anseio...

tudo que testemunha saudade
é censurado mecanicamente
por medo
por pressentimento
materialmente
mimoseie-me à você
sucumbindo-me
diligenciando libertar-te
e o tempo me explicou
legitimamente
quem pode fazer isso por você
é o seu próprio
você
que a minha presença não metamorfosa
a falta árdua dela
e nem cobre a lacuna
de sua existência
embora expressa em falhas
ainda te amarra em alguma corda
pelo pescoço
que te estrangula
aos poucos...
anseio contemplar eupatia

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sem ir, indo.

a sensação de te deixar sem ir
pra poder sentir sem tocar
e abraçar sem encostar
é a mesma daquela de
deixar vc trepar com outra
só pra poder controlar
sua vida
pelo descontrole da minha
desprazeres de uma ascendente em escorpião

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Talvez eu me jogue

talvez eu arranque a roupa
por desejo
por impulso
e
sentir por dentro
por um segundo
qualquer vestígio
do meu desejo impuro

não
precisa me levar
a sério

quase mar

tenho um caso sério com o não caso
o caso meio caso, meio virado
de fogo em fogo assopro, viro ar,
esquento mais um pouco
vira água
quase mar

terça-feira, 9 de junho de 2015

Represa

Reveza
me aperta
aconchega
fingi que morre
renasce outra vez
minha lágrima
nossa estrela
amigo oculto 
quero mais surpresa